terça-feira, 27 de maio de 2008

Resenha: Obssessão (Neo Realismo)

Obssessão


Título original: Ossessione
Diretor: Luchino Visconti
Data de lançamento: 1943
País de origem: Itália
Elenco: Clara Calamai, Massimo Girotti, Juan de Landa

"Clássico definitivo do gênero neo-realista italiano. Obra prima em proporções máximas. É considerado por muitos críticos como o ponto inicial do movimento Neo-realista, o filme é dirigido por Luchino Visconti. É sabido que o filme foi banido da Itália por Mussolini, por considera-lo escandaloso e imoral. Ambientado no inicio dos anos 40, em uma miserável cidade italiana, o filme nos mostra a trágica e cativante história de dois jovens amantes, Gino e Giovanna. Giovanna vive sua rotineira e infeliz vida com o seu gordo marido que a trata com indiferença. O seu destino muda quando Gino, um viril jovem, a conhece em meio a um clima conturbado no restaurante de seu marido. Ambos decidem dar cabo do marido de Giovanna, a quem ela já não suporta mais. O neo-realismo é verdadeiramente um gênero singular, pois em grande parte do filme temos a sensação de não se tratar de um filme e sim da vida real, e todos sabemos e que muitos atores amadores são utilizados nesses filmes, criando uma atmosfera mais realista ainda. Enfim planejam a morte do marido e acabam por executar o seu plano. Luchino alcançou a conexão máxima entre o trágico e o belo, esteticamente perfeito. Lúxuria, cobiça e assassinato. Em consequência do crime ambos mergulham no desespero e na depressão, o momento torna-se emocionalmente instável. Gino pensa poder viver sem sua amante, isso faz com que eles se afastem, surge então o sentimento de traição em ambos. Obssessão tem um tipo de realidade aleatória. Item obrigatório àqueles que desejam conhecer o cinema italiano em seus primórdios." por Rodrigo HM.






segunda-feira, 26 de maio de 2008

poema p/ o filme cinema paradiso


o verso e

o

in

ver

so

da (vida)

a

guia que

se

des

via


os beijos

que

se

perdem na

lástima

da vida

vista sem

beijos


junções em

solitude-cine


por: isaias faria

quinta-feira, 15 de maio de 2008


Monólogo de Hans Staden*


Como fui cair

Naquela cova de macacos?

Uma corda no pescoço

Uns formigões comendo as unhas.

De que vale “ein Gott,

Herr des Himmels und der Erde”,

Se esses falam uma língua-de-água

E fazem com os dentes

O que faço com palavras?


Gott! Dai-me pólvora

E poderei reinar sobre

Pedras sobre

Pragas.

Mas um homem

Nesta terra

Vale pouco.

Procuro manter a carne magra

Os olhos covos

- que dure o meu fim

O quanto dura

Um arco.


Miro encostas sem dono

O mar cerrado

A serra brusca.

Não encontro testemunhas.


Um dia tudo aqui vai definhar

- sem nome –

Como a corda em meu pescoço.

*cais, alberto martins. ed.34

Esse poema de Alberto Martins demonstra o medo e a revolta do viajante alemão Hans Staden, que naufragou numa embarcação espanhola em 1550, no litoral de Santa Catarina. E era mesmo pra ter medo, pois, capturado por índios tupinambás, seria vítima de um ritual voraz de antropofagia. Baseado na obra “duas viagens ao Brasil”, o filme mostra características, hábitos e costumes nativos dos tupinambás. Os atores falam em língua tupi, e com grande desenvoltura interpretam cantos e danças. As atuações passam a sensação de estarmos numa aldeia indígena no começo da colonização, a 450 anos atrás.há um estranhamento incontrolável ao assistir esse filme (incrível a cena que mostra um índio maracajá sendo devorado), Hans Staden olha e não consegue entender o ato :

- viu como nos tratamos os nossos inimigos?

- Eu vi, comer a carne do inimigo que você mata é medonho.

- é nosso costume.

um filme do Brasil e feito no Brasil, de ótima qualidade. assistam.


por:isaias faria


quarta-feira, 14 de maio de 2008

resenha do filme Tartufo

titulo original: herr tartüff
direção: f. w. murnau
ano: 1927
país: alemanha
74 min /p&b /mudo
com: emil jannings, werner krauss, rosa valetti...


Tartufo, adaptação expressionista de 1927 da peça teatral homônima de Jean-Batiste Molière. Uma serviçal planeja matar um velho senhor rico para ficar com sua herança. A chegada do sobrinho do velho vem para atrapalhar seus planos, que percebendo sua falsidade, decide desmascara-la. A história contada assim parece simples e clichê, mas, Tartufo é a mais precisa crítica à manipulação religiosa que eu já vi no cinema e na literatura, e fico pensando como um filme de 1927, sem ter ainda a propriedade da técnica sonora, pode ser tão atual completo e afiado?

por: isaias faria

terça-feira, 6 de maio de 2008

Resenha: O Eclipse (Drama, Romance)

O Eclipse.

Título original: L'eclisse
Diretor: Michelangelo Antonioni
Data de lançamento: 1962
País de origem: Itália
Com: Alain Delon, Monica Vitti, Francisco Rabal, Louis Seigner, Lilla Brignone, Rosana Rory.




“- está passando a reprise dum filme de Antonioni, vamos hoje à noite ?
- Antonioni é aquele daquele filme...
-o eclipse.
-...aquele filme chato ?
-chato ?
-não adianta você querer me convencer que não é, achei chatérrimo, nunca vi filme mais cansativo, só não saí antes porque estava com você...”
Trecho do conto “momento” de Luiz Vilela

Qualquer obra pode dar “a deixa” para uma outra obra. Foi a partir do trecho do conto citado acima que me veio a vontade de assistir ao filme O ECLIPSE, do diretor italiano Michelangelo Antonioni. O plano central do filme trás a tentativa de relacionamento entre vittoria (monica vitti) e piero (Alain Delon). Antonioni mostra claramente uma tentativa de expor as falácias da vida moderna na Roma dos anos 60, nos papéis de vittoria e piero: ela, vem de um término de namoro por vazios e angústias que não somem com o novo romance, intercala momentos de alegria infantil, despreocupação, e tédio com o mundo a sua volta. Ele, um corretor da bolsa de valores que faz do seu trabalho a extensão da vida fora dela, “quem vive na bolsa vê a vida através das notas bancarias”, uma inquietação nos gestos, típica da modernidade compulsória e da exigência do mercado capitalista. As personagens mostram claramente a intensão de crítica que Antonioni quer fazer a falta de comunicação ou de expressão de sentimentos. Além do tema intelectual, trás também um estilo único e minimalista de filmagens com ênfase a traços de perplexidade existencial. Um filme para se ver, e ver, achando sempre o que ainda não tinha percebido.

O filme fecha a trilogia da incomunicabilidade que conta com: A Aventura (1960), e
A Noite (1961)

Por: Isaias Faria





sábado, 3 de maio de 2008

Resenha: Feios, Sujos e Malvados (Comédia, Drama)

Feios, sujos e malvados

Título original: Brutti Sporchi e Cattivi
Diretor: Ettore Scola
Data de lançamento: 1976
País de origem: Itália
Com: Nino Manfredi, Maria Luisa Santella, Francesco Anniballi, Maria Bosco, Giselda Castrinni.



"Comédia a la Italiana, esse é um filme dos anos 70 que retrata da forma mais engraçada e caricata possível a realidade de quem vive em favelas. Protagonizado pelo ator Nino Manfredi, na pele Giancinto Mazzatella, um pai de família que vive em pé de guerra com seus 10 filhos, sua esposa, em um minúsculo barraco de madeira numa favela em Roma. Imaginem a confusão, mas não para por aí, Giacinto recebe uma quantia farta do seguro por ocasional acidente de trabalho, o clima esquenta de verdade. Ele passa a se afastar da família aos poucos, pois todos cientes da "bolada" que o pai recebeu, começam a bajula-lo com a intenção de receber alguma caridade; um quer ser barbeiro e montar a sua barbearia, o outro quer uma moto nova, a vovó quer uma tv nova, a esposa quer tratamentos de beleza, enfim todos querem uma fatia do bolo. Giancinto finge não ser com ele, não se importa com os clamores da família, pois, ele chega a conclusão que eles só querem a sua grana e mais nada, só querem sugar. Tentam rouba-lo a noite, ele esconde o dinheiro toda vez que sai para beber. O mais engraçado está por vir. Entre várias brigas, ele acaba baleando um de seus filhos, e vai para a cadeia, o delegado já não aguenta mais ver a cara de Giacinto, promete que se ele voltar mais uma vez, não sairá tão cedo da cadeia, Giacinto se defende. Hilário, mas ao mesmo tempo degradante. Enfim, Giancinto parece encontrar uma pessoa que o compreende, Iside, uma garota obesa, que ele acaba conhecendo em um momento de reflexão sobre a vida, após mais uma bebedeira. Os dois parecem ter nascido um para o outro, trocam confissões, se divertem. Giacinto decide levar Iside para morar em seu barraco, toda a família está em casa, ele convida Iside para compartilharem o mesmo leito. Sempre embriagado e ignorante, ele declara que Iside agora vive ali, e quem não concordar que saia agora mesmo. A família se revolta, a situação se torna crítica, como viver daquela forma, o pai leva para casa a primeira estranha que encontra na rua, insustentável para eles. Prometem vingança contra o pai, à família ele não dava um "tostão furado", sua amante ele tratava com uma princesa, resolvem mata-lo. Chegam em um consenso, decidem mata-lo. Bem o final...confira você mesmo! O filme é classificado como comédia, e verdadeiramente o é, porém vale ressaltar a forma realistica em que a vida é mostrada, não foge muito ao que nós vemos por aí, a luta diária contra a pobreza, a doença, a falta de condição, de perspectiva, acaba sendo de alguma forma um filme dramático também. Lhes falta tudo, todavia não falta uma coisa, a alegria de viver. Altamente recomendado para quer dar umas boas risadas. Clássico do cinema italiano". Por Rodrigo HM.